Relato de viagem visitando projetos socioambientais na América Latina, com foco em ecossistemas de montanha e percepção dos moradores sobre a crise do clima. O percurso inclui o planejamento, outras viagens, estradas de asfalto, de terra, trilhas, sonhos, pensamentos e caminhos do coração. / Relato de viaje visitando proyectos socioambientais en América Latina, con mirada en los ecosistemas de montaña y la percepción de la gente sobre la crisis del clima. Incluye el planeamiento, otros viajes…

domingo, 10 de maio de 2009

12. Carnaval, telefonema, engarrafamento, praia, bugre, primeiro amor - sutilezas que constroem a vida.

Sempre detestei perder tempo. Engarrafamento, fila de banco ou supermercado são exemplos de antieconomias da nossa sociedade. Os custos dessas horas perdidas são absurdos. Perdemos saúde e combustível, produzimos poluição...

Rio de Janeiro, em pleno sábado do carnaval de 83 estava mais perdido que nunca. Muita gente adoraria estar na minha situação: sozinho num apartamento em Copacabana, um carro na garagem e nenhum compromisso. Mas a liberdade me espremia a garganta e eu não tinha a menor idéia do que fazer. Nesse momento toca o telefone. Uma amiga me convida para visitar outra amiga, que eu conhecia de vista, em Arraial do Cabo. Sem dúvida, vamos! Poucas horas depois estava dentro de um engarrafamento monstro junto com metade da população do Rio em direção à Região dos Lagos. Calor infernal. Em certo momento decidi dar meia volta e pegar a pista que voltava, aproveitando a estrada de mão dupla. Minha amiga me conteve e agüentei o tranco... E graças ao telefonema inesperado, ao não retorno e a todas as sutilezas que constroem a vida, em Arraial vivi minha primeira grande e verdadeira experiência amorosa, com quem se tornou minha primeira esposa por três anos, na Serrinha. O retorno de Arraial foi singular. Voltei totalmente diferente de como fui, claro, mas o engraçado foi a caravana, porque precisamos ajudar um amigo a trazer seu bugre e sua moto para o Rio. Bom, minha amiga veio guiando o carro da família que eu usava, uma Variant daquela mais antiga, ele veio na moto e eu no Bugre, que mais parecia um kart gigante pulador. Mas gostei! No Rio destrocamos e segui com minha amada para a Serrinha, numa sensação maravilhosa de plenitude. Lembro que acabei ficando sem almoço, mas o jejum me trazia um sensação muito boa. Ao entardecer passamos a entrada de Penedo e iniciamos a subida pela estrada de terra (na época). Acelerei e disse: - Prepare-se para decolar. Decolamos juntos. Logo éramos três, acompanhados por um belo e real vira lata, o Malhado, que depois deixou filho e neto, todos de nome Malhado (não era só falta de imaginação, eram todos iguais mesmo).

Passei os três anos seguintes entre a Universidade Rural, o Rio, Arraial e o quase sempre feliz retorno para as montanhas, na Serrinha, além das muitas viagens que um relacionamento profundo proporciona, mesmo quando se tem apenas 23-26 anos e muita imaturidade.

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