
Fiz muitas viagens sobre duas rodas. Primeiro as pedaladas fujonas de adolescente, ousando a travessia de túneis e descobrindo como os bairros da Zona Sul do Rio estão todos muito perto. Depois quase profissional, competindo em ciclismo de estrada, com momentos especiais, como a travessia da ponte Rio-Niterói, Rio-Angra, Rio-Cabo Frio e os muitos treinos ao amanhecer, na cidade deserta e silenciosa, por São Conrado, Barra, Recreio, Paineiras... Mas sensação de viagem mesmo foi pegar a Dutra de bicicleta sozinho, da Rural até a Serrinha, em

1979, em deliciosas 5 horas sem parada. As rodas fazem o mundo pequeno.
No Chile eu tinha uma Honda 125. Pequena e rápida, quase um milagre! Lembro de estar numa estrada rumo ao sul com nuvens negras no horizonte, a dúvida me atazanando e mandando voltar... Mas segui em frente e o tempo abriu, se curvando à minha convicção.
Viajar de moto é mágico. O contato com os elementos é muito intenso e o corpo inteiro sente o estar viajando. Uma das travessias mais

importantes foi rumo a Santo Antônio, para lá de Mauá, no sítio de amigos, onde conheci um viver alternativo mais rural e próximo da realidade da roça, junto com minha companheira. Engraçado foi a chegada. Depois de quase 70 km sem imprevistos por estradas tortuosas, finalmente chegamos. Parei a moto (alta, XL 350) no centro da estrada, acenando para os amigos que tentavam descobrir quem estava dentro do capacete, mas não vi que era o ponto mais elevado da estrada e simplesmente meus pés não alcançaram o chão. Tombo, risos e abraços! Aí já era 1990, mais ou menos, e eu começava a me aprofundar no universo montanhoso da Mantiqueira.
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