Relato de viagem visitando projetos socioambientais na América Latina, com foco em ecossistemas de montanha e percepção dos moradores sobre a crise do clima. O percurso inclui o planejamento, outras viagens, estradas de asfalto, de terra, trilhas, sonhos, pensamentos e caminhos do coração. / Relato de viaje visitando proyectos socioambientais en América Latina, con mirada en los ecosistemas de montaña y la percepción de la gente sobre la crisis del clima. Incluye el planeamiento, otros viajes…

terça-feira, 9 de junho de 2009

14. A lua nasce no Grand Canyon

Depois do retiro nas montanhas da Califórnia voltei à estrada, com os dias contados para retornar a Tucson e embarcar de volta ao Brasil. Uma enorme autopista me levava para o famoso Grand Canyon. Passei por muitos trailers e vans com casais não muito jovens, provavelmente aposentados, que nitidamente representam um importante público frequentador das estradas e parques nacionais americanos. Mas o cenário era monótono, quase sempre uma grande e larga reta no meio de um deserto. Tufos de capim atravessavam a pista girando em vôos rasantes. Uma placa indicando acesso à “Historic Rute 66” me chamou a atenção e sem um segundo de dúvida mudei rapidamente de cenário. Agora trafegava numa via de mão dupla, menos reta e com mais vegetação, com passagens de nível sobre a estrada de ferro. Inevitável pensar em trens, caravanas, cavalos, índios e perseguições. Subitamente a ficção se fez realidade ao surgir uma imensa placa: Bagdá Café. Continuei, imaginando que interessante se o famoso Café, cenário de cinema, poderia ser ali... Poderia... E era! Retornei e provei do café, ou de um refrigerante, não me lembro. Fui atendido pela neta da dona, que confirmou toda a história que já conhecemos. Prossegui atônito, pinçado pelo sonho real e agora de novo na estrada, rumo ao Grand Canyon... será que era tudo verdade?


Cheguei a grande cratera ao anoitecer. As últimas luzes deixavam o céu avermelhado e um vento gelado me cortava. No horizonte nascia imensa lua amarelada, que brilhava em restos de neve. Por instantes pensei ver as Agulhas Negras ao contrário, crescida em ar na direção do centro da terra. Mas meu tempo estava curto e tinha fome. Havia um enorme centro de visitantes (ali é um parque nacional), lotado de supérfluos e lembranças. Um perfeito Canyon Shopping e sua comida caríssima!

Voltei ao carro e segui para a famosa Sedona, mas a distância me venceu e dormi num motel
de 12 dólares após um bom e barato sanduíche.
(Fotos do Grand Canyon: http://www.nps.gov/grca/)

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